Espelho Dos Martires Pdf 62
É o memorial ao milhão e meio de crianças judias mortas no Holocausto. É uma caverna em cuja entrada existe a uma série de retratos de crianças e, ao longo de um trajecto por uma sala escura onde, através de espelhos, são projectadas milhares de velas em memória das crianças. Em permanência, escutam-se os nomes das crianças, a sua idade e origem geográfica, em som de fundo, em hebraico e inglês.
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D. Frei Bartolomeu dos Mártires, membro da Ordem dos Pregadores, havia sido nomeado arcebispo de Braga em 1559 pela rainha regente d. Catarina, causando a insatisfação de membros da nobreza que almejavam a mitra de Braga, a mais importante do reino, primaz das Espanhas.3 Apesar de suas origens não terem sido propriamente humildes, visto que o jovem Bartolomeu teve condições de aprender a ler e escrever e tinha já noções de latim ao professar na Ordem dos Pregadores, em 1529, provavelmente esteve longe de pertencer a uma família abastada. Após ter concluído seus estudos no convento dominicano de Lisboa em 1536-1537, permaneceu ali como leitor no curso de Artes, até que, em 1538, seguiu a mudança do studium para o convento de Santa Maria Vitória da Batalha, e continuou atuando como mestre no curso de Artes e, posteriormente, em 1542, passou a mestre de Teologia. Bartolomeu dos Mártires ali permaneceu até fins de 1552, quando foi convocado para atuar no colégio jesuíta de Évora como mestre de d. Antônio, que futuramente seria um dos pretendentes à Coroa portuguesa, após o desaparecimento de d. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578.4 O frade dominicano permaneceu ali por pouco tempo, visto que em 1555 d. Antônio abandonava Évora. Em 1558, foi eleito prior do convento de Benfica, até sua ascensão ao arcebispado de Braga. Por sua atuação no Concílio de Trento e em sua diocese, e ainda pelos tratados que escreveu - um espelho de bispos e um catecismo, ambos com grande circulação pelo continente - d. Frei Bartolomeu dos Mártires tornar-se-ia um exemplo, admirado e tido como modelo a ser seguido no que diz respeito à atuação do bispo como pastor dos fiéis, condutor da reforma da Igreja, especialmente por sua dedicação ao exercício das visitas pastorais, tendo percorrido toda a extensão de sua arquidiocese diversas vezes, por seu empenho em fazer cumprir as normas tridentinas em Braga, procedendo a uma rigorosa reforma do clero por meio da realização do Sínodo Diocesano e do Concílio Provincial (1564 e 1566, respectivamente), e por sua atenção a assuntos como o ensino da doutrina e a administração dos sacramentos. No entanto, tamanho empenho em exercer sua autoridade, cruzando os privilégios e tradições do clero secular e catedralício, não seria isento de ônus. Os conflitos com o corpo eclesiástico local, relativos majoritariamente ao direito de visita às igrejas bracarenses e ao disciplinamento dos costumes, eram latentes desde que Bartolomeu dos Mártires havia recebido a mitra, e a essas questões se somaria ainda o empenho na aplicação do fim do acúmulo de benefícios determinado pelo concílio. Uma relação pouco amistosa com o clero diocesano que certamente colaborou para definir a posição do arcebispo com relação à expansão dos poderes episcopais, âmago de suas requisições ao concílio.
Após sua chegada em Trento, passaram-se meses até que os trabalhos conciliares fossem oficialmente iniciados; a primeira sessão foi realizada apenas em 18 de janeiro de 1562.5 Mas o tempo ocioso que teve o arcebispo de Braga foi aplicado na escrita de tratados relacionados aos debates conciliares. D. Frei Bartolomeu dos Mártires escreveu uma suma de todos os concílios passados6 e um espelho de bispos,7 intitulado Stimulus Pastorum, em que tratou do múnus episcopal, da importância do papel do bispo na Igreja Católica e de suas obrigações como pastor que tem como objetivo conduzir os fiéis à salvação.8
7Gênero literário muito difundido a partir da Baixa Idade Média, os espelhos estabeleciam um modelo positivo de conduta, geralmente direcionado a uma determinada função social. Sobre o assunto, ver: GRABES, Herbert. The mutable Glass: Mirror-Imagery in Titles and Texts of the Middle Ages and the English Renaissance. Cambridge/Nova York: Cambridge University Press, 2009.